terça-feira, 9 de setembro de 2014

Validadores


  Escrevemos esse post inspiradas pela história de Christine Hà no programa Masterchef americano. Christine Hà participou e venceu a terceira temporada do programa (em 2012), cozinhando pratos maravilhosos e SEM ENXERGAR qualquer de seus ingredientes ou criações. Ela escreveu um livro com suas receitas, que se tornou um best-seller americano, mas, ironicamente, não possui versão comercial em braile ou em áudio. Tais versões estão disponíveis apenas em um serviço especial da Biblioteca Nacional americana.
Para aqueles que não têm (muito) talento na cozinha, cozinhar é um prazeroso desafio, mas para quem tem baixa visão ou é cego, o desafio é ainda maior. O site Saúde Visual (http://www.saudevisual.com.br) fala sobre cursos de culinária oferecidos por algumas instituições que dão dicas importantes para a atividade: “os mantimentos e utensílios precisam ser guardados sempre no mesmo lugar; os ingredientes devem ser porcionados e deixados em sequência na bancada; no fogão, as panelas devem ficar sempre na mesma posição. Já as mãos devem ficar estendidas à frente para detectar, através do calor, a boca acesa do fogão.”.
Caso uma pessoa cega ou com baixa visão já domine todos os procedimentos e truques e queira testar novas receitas, poderá consegui-las facilmente na Internet, como qualquer enxergante, correto? Talvez.
Abaixo testamos em três validadores diferentes duas páginas bastante populares de receitas: Tudo Gostoso (http://www.tudogostoso.com.br) e CyberCook (http://www.cybercook.com.br).

Os validadores

Os validadores de páginas web detectam de maneira automatizada erros de sintaxe HTML e CSS, por exemplo, que possam gerar problemas no carregamento da página ou desvio dos padrões web estabelecidos, mas a acessibilidade total depende da avaliação humana: analisar clareza e simplicidade dos textos, necessidade e importância das imagens, facilidade de navegação só pelo teclado, aspecto e funcionalidade da página sem sons, imagens ou JavaScript, fluência da leitura de leitores de tela, etc.

Para analisar as páginas escolhidas, foram usados 3 validadores online:

Etre – checagem de acessibilidade baseada nas diretrizes do WAI, que formam a base da legislação global em acessibilidade. Disponível em: http://www.etre.com/tools/accessibilitycheck/.


AChecker – ferramenta de avaliação de acessibilidade que propõe ajudar desenvolvedores web a garantir que seus conteúdos e aplicações estão acessíveis a todos os públicos. Disponível em: http://achecker.ca/checker/index.php.

WAVE (Web Accessibility Evaluation Tool) – ferramenta de avalição da acessibilidade de páginas, desenvolvida como um serviço gratuito para a comunidade. Disponível em: http://wave.webaim.org/.

A W3C também possui um validador de linguagens de marcação em páginas web, disponível em: http://validator.w3.org/.

Algumas dicas sobre o que considerar para tornar seu site acessível estão disponíveis em: http://www.acessibilidadelegal.com/13-validacao.php.


Os resultados

1) Etre: foram encontrados problemas, de prioridades diferentes, em ambas as páginas. O validador identificou, por exemplo, campos de texto sem valores padrões estabelecidos e links adjacentes separados por espaços em branco (que podem não ser entendidos corretamente por tecnologias assistivas mais antigas), “iframes” sem “titles”, uso obsoleto do atributo “color” no HTML e uso inadequado da tag “p” ou falta de sua tag de encerramento.
Aparentemente, os erros exemplificados podem ser facilmente corrigidos nos códigos da páginas, usando os atributos necessários, CSS e identificando as tags sem fechamento.
Por se tratar de uma empresa que presta serviços em acessibilidade, esse validador serve apenas para se verificar se há necessidade de se corrigir a página. O ideal é procurar por outros validadores, que demonstrem melhor os problemas encontrados.

2) AChecker: esse validador, impressionantemente, avaliou os códigos linha-a-linha, apontando pontualmente os problemas e oferecendo soluções. Foram identificados, por exemplo, falta do atributo “alt” nas imagens e links, campos de texto sem “label” e até elementos com “id” repetido e contraste de cores. Foi também apontado como problema o “refresh” automático da página do CyberCook, que faz com que leitores de tela, por exemplo, retomem a leitura desde o topo.
A análise é muito completa e detalhada, mostrando erros que poderiam facilmente passar despercebidos (listados por tipo) e trazendo soluções (mastigadas). Pode-se avaliar a acessibilidade, o HTML e o CSS. Realmente surpreendente.





3)WAVE: esse validador marca com símbolos, no layout da própria página, o problema encontrado, oferecendo ainda a opção de se mostrar o código. Dessa forma, é possível clicar no símbolo de erro e acompanhar o que está no código ao mesmo tempo, pois ele fica em destaque. O validador aponta problemas com estilo e com contraste também. Nas páginas foram identificados os mesmos problemas do validador anterior.
A visualização simultânea da página pronta e do código ajuda muito na compreensão do todo e na localização e correção dos erros. Uma ferramenta excelente.


Uma desvantagem é que  validadores “poderosos” como o AChecker e o WAVE não possuem versão em português, o que pode dificultar o entendimento e o uso dessas ferramentas por aqui.


Notas:
·         Para conhecer a trajetória de Christine Hà no Masterchef americano, acesse um vídeo (em inglês) com seus momentos mais importantes no programa em: http://www.youtube.com/watch?v=ItgO0v_lYPI

·         Para ler mais sobre as instituições que oferecem cursos de culinária para pessoas cegas ou com baixa visão, leia o artigo no Saúde Visual, disponível em: http://saudevisual.com.br/noticias/1041-crisha2



 Criado por:
Thais Arem 
Nicole Marquezim

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