Escrevemos esse post inspiradas pela história de Christine
Hà no programa Masterchef americano. Christine Hà participou e venceu a
terceira temporada do programa (em 2012), cozinhando pratos maravilhosos e SEM
ENXERGAR qualquer de seus ingredientes ou criações. Ela escreveu um livro com
suas receitas, que se tornou um best-seller americano, mas, ironicamente, não
possui versão comercial em braile ou em áudio. Tais versões estão disponíveis
apenas em um serviço especial da Biblioteca Nacional americana.
Para aqueles que não têm (muito) talento na cozinha,
cozinhar é um prazeroso desafio, mas para quem tem baixa visão ou é cego, o
desafio é ainda maior. O site Saúde Visual (http://www.saudevisual.com.br) fala
sobre cursos de culinária oferecidos por algumas instituições que dão dicas
importantes para a atividade: “os mantimentos e utensílios precisam ser
guardados sempre no mesmo lugar; os ingredientes devem ser porcionados e
deixados em sequência na bancada; no fogão, as panelas devem ficar sempre na
mesma posição. Já as mãos devem ficar estendidas à frente para detectar,
através do calor, a boca acesa do fogão.”.
Caso uma pessoa cega ou com baixa visão já domine todos os procedimentos e truques e queira testar novas receitas, poderá consegui-las facilmente na Internet, como qualquer enxergante, correto? Talvez.
Caso uma pessoa cega ou com baixa visão já domine todos os procedimentos e truques e queira testar novas receitas, poderá consegui-las facilmente na Internet, como qualquer enxergante, correto? Talvez.
Abaixo testamos em três validadores diferentes duas páginas
bastante populares de receitas: Tudo Gostoso (http://www.tudogostoso.com.br) e
CyberCook (http://www.cybercook.com.br).
Os validadores
Os validadores de páginas web detectam de maneira
automatizada erros de sintaxe HTML e CSS, por exemplo, que possam gerar
problemas no carregamento da página ou desvio dos padrões web estabelecidos,
mas a acessibilidade total depende da avaliação humana: analisar clareza e
simplicidade dos textos, necessidade e importância das imagens, facilidade de
navegação só pelo teclado, aspecto e funcionalidade da página sem sons, imagens
ou JavaScript, fluência da leitura de leitores de tela, etc.
Para analisar as páginas escolhidas, foram usados 3
validadores online:
Etre – checagem
de acessibilidade baseada nas diretrizes do WAI, que formam a base da
legislação global em acessibilidade. Disponível em: http://www.etre.com/tools/accessibilitycheck/.
AChecker –
ferramenta de avaliação de acessibilidade que propõe ajudar desenvolvedores web
a garantir que seus conteúdos e aplicações estão acessíveis a todos os
públicos. Disponível em: http://achecker.ca/checker/index.php.
WAVE (Web
Accessibility Evaluation Tool) – ferramenta de avalição da acessibilidade
de páginas, desenvolvida como um serviço gratuito para a comunidade. Disponível
em: http://wave.webaim.org/.
A W3C também possui um validador de linguagens de marcação
em páginas web, disponível em: http://validator.w3.org/.
Algumas dicas sobre o que considerar para tornar seu site
acessível estão disponíveis em: http://www.acessibilidadelegal.com/13-validacao.php.
Os resultados
1) Etre: foram encontrados problemas, de prioridades
diferentes, em ambas as páginas. O validador identificou, por exemplo, campos
de texto sem valores padrões estabelecidos e links adjacentes separados por
espaços em branco (que podem não ser entendidos corretamente por tecnologias
assistivas mais antigas), “iframes” sem “titles”, uso obsoleto do atributo
“color” no HTML e uso inadequado da tag “p” ou falta de sua tag de
encerramento.
Aparentemente, os erros exemplificados podem ser facilmente corrigidos nos códigos da páginas, usando os atributos necessários, CSS e identificando as tags sem fechamento.
Aparentemente, os erros exemplificados podem ser facilmente corrigidos nos códigos da páginas, usando os atributos necessários, CSS e identificando as tags sem fechamento.
Por se tratar de uma empresa que presta serviços em
acessibilidade, esse validador serve apenas para se verificar se há necessidade
de se corrigir a página. O ideal é procurar por outros validadores, que
demonstrem melhor os problemas encontrados.
2) AChecker: esse validador, impressionantemente, avaliou os
códigos linha-a-linha, apontando pontualmente os problemas e oferecendo
soluções. Foram identificados, por exemplo, falta do atributo “alt” nas imagens
e links, campos de texto sem “label” e até elementos com “id” repetido e
contraste de cores. Foi também apontado como problema o “refresh” automático da
página do CyberCook, que faz com que leitores de tela, por exemplo, retomem a
leitura desde o topo.
A análise é muito completa e detalhada, mostrando erros que
poderiam facilmente passar despercebidos (listados por tipo) e trazendo
soluções (mastigadas). Pode-se avaliar a acessibilidade, o HTML e o CSS.
Realmente surpreendente.
A visualização simultânea da página pronta e do código ajuda
muito na compreensão do todo e na localização e correção dos erros. Uma
ferramenta excelente.
Uma desvantagem é que
validadores “poderosos” como o AChecker e o WAVE não possuem versão em
português, o que pode dificultar o entendimento e o uso dessas ferramentas por
aqui.
Notas:
·
Para conhecer a trajetória de Christine
Hà no Masterchef americano, acesse um vídeo (em inglês) com seus momentos mais
importantes no programa em: http://www.youtube.com/watch?v=ItgO0v_lYPI
·
Para ler mais sobre as instituições que
oferecem cursos de culinária para pessoas cegas ou com baixa visão, leia o
artigo no Saúde Visual, disponível em: http://saudevisual.com.br/noticias/1041-crisha2




















